CCPR - Terapia que vale ouro

Terapia que vale ouro

Terapia com cavalos proporciona qualidade de vida e desenvolvimento físico e mental de pessoas com deficiência

Delicadeza, cooperação, paciência, respeito e esperança. Palavras que resumem a relação entre pessoas com deficiência e os cavalos terapeutas do Centro Evangélico de Equoterapia Gilead (CEEG), instituição filantrópica localizada nas cidades mineiras de Belo Horizonte e Sete Lagoas.

Realizado em ambiente aberto, equilibrando bem-estar físico e mental aos praticantes, o tratamento possui quatro modalidades principais: hipoterapia, com foco na reabilitação; a educação e reeducação, com foco no aprendizado e pedagogia; pré-esportivo, com atividades de equitação; e prática esportiva paraequestre, com participação em campeonatos como paraenduro, paratambor (três tambores adaptado) e o adestramento (equitação clássica).

Nesse último módulo, os usuários do CEEG têm oportunidade de participar dos campeonatos. E já estão colecionando troféus. Duas das cinco premiações foram conquistadas pela, agora, coordenadora da instituição, Aramita Pereira, de 30 anos. Diagnosticada com paraparesia espástica familiar aos 4 anos, ela perdeu os movimentos das pernas gradativamente, fazendo com que, aos 18 anos, utilizasse a cadeira de rodas como meio de locomoção. Hoje, sou atleta bicampeã de paraenduro, o que tornou o amor pelos cavalos ainda maior?, conta emocionada com sua trajetória. A equoterapia é tudo para mim. Por meio dela mudei meu jeito de pensar, de agir e me tornei uma pessoa mais confiante física e emocionalmente?, completa. 

O início de tudo

A equoterapia é indicada no tratamento de pessoas com vários tipos de deficiências, como Síndrome de Down, e limitações devido ao TDAH e AVC, por desenvolver o sistema motor e mental. Isso ocorre devido ao movimento do cavalo ser tridimensional, possuindo 95% de semelhança ao caminhar humano (para frente e para trás; para cima e para baixo; e para os lados). 

Foi sabendo dessa informação e por ter vivido uma experiência com um conhecido que o policial militar Carlos Gonzalez correu a galope para desvendar mais detalhes dessa terapia animal. Conheci a equoterapia porque um filho de um colega de trabalho foi diagnosticado com a síndrome de West, disse. Síndrome de West é uma doença rara, caracterizada por crises epiléticas frequentes. Em 2010, então, ele realizou o Curso Básico de Equoterapia da Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil) e, no mesmo ano, a instituição ganhou forma e, hoje, atende 78 pacientes. 

Uma das beneficiadas do serviço pelo serviço CEEG é Gabriela Smith. A jovem administradora, de 24 anos, teve as funções motoras e cerebrais comprometidas após um acidente automobilístico, em 2018. Há dois anos em tratamento com equoterapia, Gabriela traduz sua luta em conquistas. Eu faço fisioterapia e frequento academia, mas foi na equoterapia que eu tive meu desenvolvimento acelerado. Eu não tinha equilíbrio e, hoje, já consigo andar mesmo com auxílio, comemora. O pai Maurício Smith destaca a evolução da filha. Ela não se movia. Sequer conseguia se alimentar sozinha?, relembra. 

A jovem destaca os benefícios da terapia com cavalos para a saúde mental e conta os seus sonhos para o futuro. O clima é de descontração e relaxamento. Conto os dias para estar aqui, pois meu objetivo é um dia vir e poder voltar sozinha, andando... retomando minha vida de forma mais independente, declara. 

A equoterapia é um trabalho que, segundo o psicólogo, Rhainer Henrique Bento, o principal terapeuta é o cavalo. O animal tem todo o potencial de realizar o tratamento para depressão, ansiedade, além da psicomotricidade e outras áreas afins. Nós apenas estimulamos as pessoas a alcançarem o objetivo, explica. 

Superação

Após 12 anos, a CEEG cresceu. Hoje mantém uma cavalaria com 18 animais terapeutas, divididos nas duas unidades, e muita história de superação. Por ser filantrópica, a entidade depende de doações para se manter e trabalho voluntário. Mas o custo da alimentação dos animais é um dos principais desafios.

Para colaborar com os gestores e seguindo seu princípio cooperativista, a CCPR realiza doações mensais de ração e suplemento mineral que, segundo o fundador da instituição, é fundamental para garantir o atendimento ao público. Tratar de um cavalo é oneroso.  Hoje, com as rações, percebemos os animais em uma situação mais favorável, bem nutridos, com imunidade mais alta. Até a aparência está melhor. Percebemos, também, mais disposição para atender cada um dos pacientes do dia, avalia Carlos. 

A instituição oferece muito mais que a conexão entre humano e animal: dá esperança a pacientes e familiares que, a cada marcha, percebem a evolução. Jossiane Alves, mãe do pequeno Lucas, uma criança de 8 anos diagnosticada com hidrocefalia, diz que a equoterapia tem proporcionado grandes mudanças na saúde do filho. Ele melhorou muito, principalmente, a coordenação motora. Hoje, ele fica mais tempo sentado, tem mais firmeza no pescoço e percebo que ele fica mais tranquilo em dias de equoterapia. 

O gosto do menino Lucas pelo contato com os cavalos é perceptível e, apesar de não falar, ele expressa a satisfação pelo olhar, sorriso e beijos que manda para a equipe que o acompanha.

Essas demonstrações de carinho e atenção, para o tratador e treinador dos animais, Zé do Rancho, como é carinhosamente chamado pelos colegas e pacientes, é a melhor retribuição. Esse trabalho é muito gratificante, muda a vida das pessoas, afirma. 

Zé ainda brinca quando fala sobre o gosto dos animais em relação a palatabilidade da ração. ?Eu costumo dizer que a ração da CCPR para eles é como chocolate, quando sentem o cheiro, já começam a relinchar. No curso de equoterapia aprendi que o cavalo dessa atividade é um atleta e, como todo bom atleta, precisa de uma boa alimentação, com as proteínas necessárias. Então, utilizamos o concentrado e volumoso como silagem de milho, feno ou verdinho. 

Além do apoio na alimentação, a CCPR doa itens indispensáveis na criação dos equinos. ?Fornecemos também medicações e selaria, tudo com o auxílio de parceiros. Afinal, os animais são o principal mecanismo para o tratamento dessas pessoas e, se podemos cooperar, não devemos negar esse auxílio?, explica Alexandre Lara, Gerente da rede CCPR Armazém.     

Benefícios da equoterapia

· Desenvolvimento do afeto, devido ao contato da pessoa com o cavalo

· Estimulação da sensibilidade tátil, visual e auditiva 

· Melhora da postura e do equilíbrio

· Aumenta a autoestima e a autoconfiança, promovendo a sensação de bem-estar 

· Melhora da força muscular

· Permite o desenvolvimento da coordenação motora e conscientização dos movimentos

· Relaxamento 

Indicação da Equoterapia 

· Doenças genéticas, neurológicas, ortopédicas, musculares e clínico-metabólicas

· Sequelas de traumas e cirurgias · Doenças mentais, distúrbios psicológicos e comportamentais

· Distúrbios de aprendizagem e de linguagem

(Fonte: Biblioteca Virtual da Saúde ? Ministério da Saúde)

Conheça um pouco mais sobre a parceria CCPR e CEEG:


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